Este e-book celebra a trajetória pacifista de três décadas da economista e ambientalista Amyra El Khalili, como resultado dos primeiros dez anos da construção econômica socioambiental na América Latina e no Caribe. Trata-se da compilação de alguns de seus principais artigos e entrevistas reproduzidos, discutidos e apresentados em listas na internet, em diversas publicações, palestras, debates, congressos, conferências e seminários no Brasil e no exterior.
Nesta obra, você refletirá sobre temas como economia de mercado, meio ambiente e finanças sustentáveis, redes solidárias e suas estratégias, mudanças climáticas e mercados emergentes, financiamentos de projetos e negócios socioambientais, conflitos sociopolíticos, espiritualidade e esperança, guerra e paz.
Amyra é um exemplo de ativismo a serviço da paz entre os povos, entre os gêneros masculino e feminino, entre progresso e preservação ambiental. Sua militância pela dignidade humana,
pelo respeito à mulher, contra a discriminação de ordem racial e étnica, tem merecido o respeito e a admiração de quantos privam de sua amizade e daqueles que leem os seus artigos.
Como economista, Amyra empenhou-se, acima de tudo, em demonstrar que é possível conciliar uma economia de mercado com a proteção do meio ambiente.
O selo Nova Consciência é honrado pela possibilidade de participar da importante divulgação deste trabalho pioneiro.
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
Todos podem fazer a diferença
Se algum dia lhe disseram “não, você não tem como mudar o mundo”, esqueça, não é verdade. Cada um pode usar o que tem e o que sabe para transformar o planeta num mundo melhor
Por Vivian Palmeira
Colaboração e entrevista de Léia Tavares
Cresce a cada dia a lista de pessoas famosas, ricas e influentes que passaram a dedicar parte de seu tempo à resolução de problemas ambientais e sociais do mundo. Angelina Jolie é uma delas. Além de atriz, ela também é conhecida pelo mundo como embaixadora da ONU (Organização das Nações Unidas). Viaja a vários países e se reúne com autoridades para tratar de questões sociais e de combate à pobreza e à violência. Quem também faz do seu trabalho um instrumento para promover uma sociedade mais justa é o cantor Bono Vox, do grupo de rock U2. Junto a eles, outros tantos artistas, empresários e esportistas integram a lista dos famosos solidários. Recentemente foi o bilionário Bill Gates que se despediu da Microsoft e passou a se dedicar às atividades filantrópicas.
Mas o que poucos tomam conhecimento é do trabalho de milhares de pessoas, talvez não tão conhecidas pelo mundo, que, com recursos ou não, têm oferecido seu talento e esforço visando a mesma causa. Entre elas está Amyra El Khalili, de 44 anos. Ela resolveu usar seu conhecimento, de mais de 20 anos no mercado financeiro paulista, a favor do meio ambiente e da sociedade. Abandonou a carreira de operadora da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) e fundou, em 1996, o Projeto BECE (Brazilian Enviromental Commodities Exchange, sigla em inglês para Bolsa Brasileira de Commodities Ambientais). Mais tarde, juntou-se a Rede Brasileira de Informação Ambiental (REBIA) dando origem a um novo projeto, a parceria BECE-REBIA, que busca, por meio da educação, informação e comunicação, estimular extrativistas, pequenos agricultores e diversas comunidades a desenvolver atividades de valorização cultural e ambiental. Conheça um pouco mais das idéias progressistas de Amyra El Khalili, que também é professora de pós-graduação e MBA em Economia Socioambiental e, por suas ações, já foi indicada ao Prêmio Bertha Lutz e ao Prêmio Mil Mulheres.
Quando a senhora percebeu que poderia usar seus conhecimentos sobre mercado financeiro em favor do meio ambiente?
Comecei minha carreira no mercado financeiro como recepcionista da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), na época em que foi fundada. Com o tempo, ocupei várias posições em diversos departamentos. Foi quando me convidaram para trabalhar na corretora do presidente da Bovespa. Tive oportunidade de fazer vários cursos, pois para cada iniciativa ganhava uma bolsa de estudos. Então, por empenho e dedicação, recebi um convite para trabalhar na mesa de operações da BM&F. Em menos de dois anos me tornei um dos maiores operadores do mercado. Cheguei ao estágio máximo de conhecimento e passei à posição de consultora da BM&F, entre outras instituições. Mas sentia que o meu conhecimento não era para aqueles fins. Estávamos no mercado financeiro especulando fortunas, ao mesmo tempo em que havia muita pobreza e miséria no Brasil. Não me sentia bem com isso. Alcancei nesta etapa um grau de consciência muito profundo, vivenciando guerras e conflitos. Foi quando comecei a estudar o binômio água e energia, e a co-relação entre as guerras e o sistema financeiro.
Como a senhora avalia a questão dos créditos de carbono como paliativo para os problemas de aquecimento global?
Começar a comercializar poluição é o último nível da degradação ambiental e humana. O chamado “compra e venda de créditos de emissão”, é a coisa mais negativa que pode existir no “mercadismo” que o ser humano conseguiu produzir. O movimento deveria ser o contrário: buscar mecanismos financeiros para eliminar a especulação que resulta na degradação ambiental. Hoje, ocorre o oposto, que é financiar para matar. Queremos um sistema que financie a vida.
No futuro é possível que tenhamos conflitos entre países pela luta de recursos naturais?
Estamos vivenciando atualmente, só que de outra forma na América Latina e no Caribe. Mas isso já acontece no Oriente Médio, por exemplo. O exército nacional ainda não está na rua em decorrência dos conflitos pela água, mas em Cochabamba, na Bolívia, houve convulsão social por causa da água, e no Espírito Santo, aqui no Brasil, foi registrado um caso de morte por disputá-la. No Uruguai, tiveram que reformar a legislação para que a água voltasse para as mãos do Governo e da sociedade, pois as águas estavam todas na mão da iniciativa privada, assim, foi feito um plebiscito sobre a reforma hídrica para devolver as águas para a população. Água é um bem de uso público, pertence à nação, então você não pode simplesmente cercar uma bacia hidrográfica e dizer-se dono da água, determinando que a beba quem você quer!
Quais são os principais problemas ambientais que o Brasil enfrenta hoje?
Temos problemas seríssimos, como saneamento básico. No Nordeste inteiro, há seca. Algumas regiões têm água, mas não pode ser consumida pela população porque está contaminada. Nessas bacias hidrográficas, por exemplo, despejaram efluentes, ou seja, dejetos como urina, fezes, esgoto químico sem tratamento. A água, o rio, o mar, não devem ser canais para despejarmos nossos excrementos, resíduos industriais e lixo. Estima-se que os maiores degradadores de águas no Brasil sejam as próprias prefeituras. A indústria passou por uma pressão tão violenta que, por força de lei, precisou desenvolver sistemas de gestão ambiental com filtros, reciclagem e reutilização de água, sendo hoje o setor que menos polui. Mas isso não quer dizer que não tem indústrias que poluem. No Rio Grande do Norte, no Nordeste, muito desejo in natura está sendo despejado diretamente no mangue, rios e mar. Recentemente foi denunciado por Rose Dantas, uma bióloga ambientalista, o maior desastre ambiental no Rio Grande do Norte: 40 mil toneladas de peixes foram mortos, e as pessoas que comeram os peixes contaminados estão morrendo. Lançaram resíduos químicos no mangue indiscriminadamente. O mangue deságua nos rios e, conseqüentemente, contaminou o Rio Potengi, a principal fonte de abastecimento da cidade de Natal. Eles acham que o mangue é lugar de coisa suja. Escondem facilmente o despejo ilegal de dejetos no mangue por causa do odor característico do lugar. E os pescadores de mariscos, de ostras, que vivem da pesca, como ficam? O mangue é rico, produz muitas espécies e mantém o equilíbrio biológico da costa marítima, entre outros benefícios ambientais e sociais.
Como economista e educadora, você acredita que o planejamento econômico atual incentiva o consumismo exacerbado e contribui para a degradação do meio ambiente?
A economia de mercado não é uma virtude ou um defeito do capitalismo, é um modelo de sobrevivência político. Não devemos dissociar a política da economia, porque os economistas apresentam, por exemplo, o melhor plano econômico, mas se o político não aceitar, não há como implantar a proposta, por melhor e mais legítima que ela seja! Definitivamente, o mercado financeiro está com câncer. E o que faz uma célula cancerígena? Metástase. Ela se propaga no corpo da economia e vai destruindo. Matando-a aos poucos, com muito sofrimento. Para que o mercado financeiro seja fruto de uma economia saudável, é importante desenvolver uma célula com o mesmo movimento que a metástase. Se essa célula fosse introduzida no corpo da economia, ela propagaria o Bem. É preciso combater a exclusão social e a degradação ambiental como parte dos resultados dessa economia. Quando excluímos o outro, somos, todos nós sem distinção, impactados diretamente. Estamos também nos excluindo por algum motivo e sentindo as dores desse processo.
Como é possível mudar essa realidade?
É necessário projetar na mente das pessoas imagens positivas, de auto-estima, de valores humanos e espirituais, trabalhando a consciência. É um processo de resgate, de cura, não de culpa – porque somos sempre bombardeados pela grande imprensa com essa noção de culpa. Vivemos um modelo de sucesso materialista onde Ter é melhor que Ser. Que mensagem estamos passando para os nossos jovens? O que nós estamos dizendo para a sociedade quando a gente só propaga a doença, o mal, a violência, o oportunismo? Tenho crenças! E por isso que ainda estou em pé, fazendo coisas. Acredito no poder da informação. Uma informação clara, transparente e didática. Podemos ter opiniões, mas não vamos decidir pela sociedade. É na palavra consciência que está o poder de decisão, e não adianta fugir dela. Gosto muito da expressão nova consciência porque não podemos dizer que as pessoas não estão conscientes, elas estão, mas num padrão de verdade antigo, velho, desgastado. Existe consciência, sim. Mas a consciência de que eu preciso ganhar dinheiro, que preciso pagar as contas, que preciso lucro, que é lucro a qualquer preço. Uma consciência que está profundamente doente em estado terminal.
Então é a partir da informação que a sociedade saberá se posicionar e transformar o mundo?Exatamente! O que os impede de manipular a população é a democratização da informação. Quando uma revista como a Universo Espírita faz entrevista com quem pensa e se expressa diferente, quebra-se o ciclo vicioso do maniqueísmo. É quando essa informação chega às comunidades, nas pessoas que não têm informação com opções. A camada mais humilde da sociedade, em especial, está assinando contratos sem saber o que assinou e acabam se comprometendo com um arsenal de instrumentos econômicos e jurídicos tornando-se escravos. Quando traduzimos essas informações e as colocamos à disposição da sociedade, passamos a inibir a ação de especuladores e oportunistas. A única forma de mudar esse modelo materialista e consumista em que vivemos, de combater essa autofagia financeira, é a informação disponibilizada democraticamente, de forma transparente e isenta, para que o cidadão possa decidir sobre seu destino.
Por Vivian Palmeira
Colaboração e entrevista de Léia Tavares
Cresce a cada dia a lista de pessoas famosas, ricas e influentes que passaram a dedicar parte de seu tempo à resolução de problemas ambientais e sociais do mundo. Angelina Jolie é uma delas. Além de atriz, ela também é conhecida pelo mundo como embaixadora da ONU (Organização das Nações Unidas). Viaja a vários países e se reúne com autoridades para tratar de questões sociais e de combate à pobreza e à violência. Quem também faz do seu trabalho um instrumento para promover uma sociedade mais justa é o cantor Bono Vox, do grupo de rock U2. Junto a eles, outros tantos artistas, empresários e esportistas integram a lista dos famosos solidários. Recentemente foi o bilionário Bill Gates que se despediu da Microsoft e passou a se dedicar às atividades filantrópicas.
Mas o que poucos tomam conhecimento é do trabalho de milhares de pessoas, talvez não tão conhecidas pelo mundo, que, com recursos ou não, têm oferecido seu talento e esforço visando a mesma causa. Entre elas está Amyra El Khalili, de 44 anos. Ela resolveu usar seu conhecimento, de mais de 20 anos no mercado financeiro paulista, a favor do meio ambiente e da sociedade. Abandonou a carreira de operadora da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) e fundou, em 1996, o Projeto BECE (Brazilian Enviromental Commodities Exchange, sigla em inglês para Bolsa Brasileira de Commodities Ambientais). Mais tarde, juntou-se a Rede Brasileira de Informação Ambiental (REBIA) dando origem a um novo projeto, a parceria BECE-REBIA, que busca, por meio da educação, informação e comunicação, estimular extrativistas, pequenos agricultores e diversas comunidades a desenvolver atividades de valorização cultural e ambiental. Conheça um pouco mais das idéias progressistas de Amyra El Khalili, que também é professora de pós-graduação e MBA em Economia Socioambiental e, por suas ações, já foi indicada ao Prêmio Bertha Lutz e ao Prêmio Mil Mulheres.
Quando a senhora percebeu que poderia usar seus conhecimentos sobre mercado financeiro em favor do meio ambiente?
Comecei minha carreira no mercado financeiro como recepcionista da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), na época em que foi fundada. Com o tempo, ocupei várias posições em diversos departamentos. Foi quando me convidaram para trabalhar na corretora do presidente da Bovespa. Tive oportunidade de fazer vários cursos, pois para cada iniciativa ganhava uma bolsa de estudos. Então, por empenho e dedicação, recebi um convite para trabalhar na mesa de operações da BM&F. Em menos de dois anos me tornei um dos maiores operadores do mercado. Cheguei ao estágio máximo de conhecimento e passei à posição de consultora da BM&F, entre outras instituições. Mas sentia que o meu conhecimento não era para aqueles fins. Estávamos no mercado financeiro especulando fortunas, ao mesmo tempo em que havia muita pobreza e miséria no Brasil. Não me sentia bem com isso. Alcancei nesta etapa um grau de consciência muito profundo, vivenciando guerras e conflitos. Foi quando comecei a estudar o binômio água e energia, e a co-relação entre as guerras e o sistema financeiro.
Como a senhora avalia a questão dos créditos de carbono como paliativo para os problemas de aquecimento global?
Começar a comercializar poluição é o último nível da degradação ambiental e humana. O chamado “compra e venda de créditos de emissão”, é a coisa mais negativa que pode existir no “mercadismo” que o ser humano conseguiu produzir. O movimento deveria ser o contrário: buscar mecanismos financeiros para eliminar a especulação que resulta na degradação ambiental. Hoje, ocorre o oposto, que é financiar para matar. Queremos um sistema que financie a vida.
No futuro é possível que tenhamos conflitos entre países pela luta de recursos naturais?
Estamos vivenciando atualmente, só que de outra forma na América Latina e no Caribe. Mas isso já acontece no Oriente Médio, por exemplo. O exército nacional ainda não está na rua em decorrência dos conflitos pela água, mas em Cochabamba, na Bolívia, houve convulsão social por causa da água, e no Espírito Santo, aqui no Brasil, foi registrado um caso de morte por disputá-la. No Uruguai, tiveram que reformar a legislação para que a água voltasse para as mãos do Governo e da sociedade, pois as águas estavam todas na mão da iniciativa privada, assim, foi feito um plebiscito sobre a reforma hídrica para devolver as águas para a população. Água é um bem de uso público, pertence à nação, então você não pode simplesmente cercar uma bacia hidrográfica e dizer-se dono da água, determinando que a beba quem você quer!
Quais são os principais problemas ambientais que o Brasil enfrenta hoje?
Temos problemas seríssimos, como saneamento básico. No Nordeste inteiro, há seca. Algumas regiões têm água, mas não pode ser consumida pela população porque está contaminada. Nessas bacias hidrográficas, por exemplo, despejaram efluentes, ou seja, dejetos como urina, fezes, esgoto químico sem tratamento. A água, o rio, o mar, não devem ser canais para despejarmos nossos excrementos, resíduos industriais e lixo. Estima-se que os maiores degradadores de águas no Brasil sejam as próprias prefeituras. A indústria passou por uma pressão tão violenta que, por força de lei, precisou desenvolver sistemas de gestão ambiental com filtros, reciclagem e reutilização de água, sendo hoje o setor que menos polui. Mas isso não quer dizer que não tem indústrias que poluem. No Rio Grande do Norte, no Nordeste, muito desejo in natura está sendo despejado diretamente no mangue, rios e mar. Recentemente foi denunciado por Rose Dantas, uma bióloga ambientalista, o maior desastre ambiental no Rio Grande do Norte: 40 mil toneladas de peixes foram mortos, e as pessoas que comeram os peixes contaminados estão morrendo. Lançaram resíduos químicos no mangue indiscriminadamente. O mangue deságua nos rios e, conseqüentemente, contaminou o Rio Potengi, a principal fonte de abastecimento da cidade de Natal. Eles acham que o mangue é lugar de coisa suja. Escondem facilmente o despejo ilegal de dejetos no mangue por causa do odor característico do lugar. E os pescadores de mariscos, de ostras, que vivem da pesca, como ficam? O mangue é rico, produz muitas espécies e mantém o equilíbrio biológico da costa marítima, entre outros benefícios ambientais e sociais.
Como economista e educadora, você acredita que o planejamento econômico atual incentiva o consumismo exacerbado e contribui para a degradação do meio ambiente?
A economia de mercado não é uma virtude ou um defeito do capitalismo, é um modelo de sobrevivência político. Não devemos dissociar a política da economia, porque os economistas apresentam, por exemplo, o melhor plano econômico, mas se o político não aceitar, não há como implantar a proposta, por melhor e mais legítima que ela seja! Definitivamente, o mercado financeiro está com câncer. E o que faz uma célula cancerígena? Metástase. Ela se propaga no corpo da economia e vai destruindo. Matando-a aos poucos, com muito sofrimento. Para que o mercado financeiro seja fruto de uma economia saudável, é importante desenvolver uma célula com o mesmo movimento que a metástase. Se essa célula fosse introduzida no corpo da economia, ela propagaria o Bem. É preciso combater a exclusão social e a degradação ambiental como parte dos resultados dessa economia. Quando excluímos o outro, somos, todos nós sem distinção, impactados diretamente. Estamos também nos excluindo por algum motivo e sentindo as dores desse processo.
Como é possível mudar essa realidade?
É necessário projetar na mente das pessoas imagens positivas, de auto-estima, de valores humanos e espirituais, trabalhando a consciência. É um processo de resgate, de cura, não de culpa – porque somos sempre bombardeados pela grande imprensa com essa noção de culpa. Vivemos um modelo de sucesso materialista onde Ter é melhor que Ser. Que mensagem estamos passando para os nossos jovens? O que nós estamos dizendo para a sociedade quando a gente só propaga a doença, o mal, a violência, o oportunismo? Tenho crenças! E por isso que ainda estou em pé, fazendo coisas. Acredito no poder da informação. Uma informação clara, transparente e didática. Podemos ter opiniões, mas não vamos decidir pela sociedade. É na palavra consciência que está o poder de decisão, e não adianta fugir dela. Gosto muito da expressão nova consciência porque não podemos dizer que as pessoas não estão conscientes, elas estão, mas num padrão de verdade antigo, velho, desgastado. Existe consciência, sim. Mas a consciência de que eu preciso ganhar dinheiro, que preciso pagar as contas, que preciso lucro, que é lucro a qualquer preço. Uma consciência que está profundamente doente em estado terminal.
Então é a partir da informação que a sociedade saberá se posicionar e transformar o mundo?Exatamente! O que os impede de manipular a população é a democratização da informação. Quando uma revista como a Universo Espírita faz entrevista com quem pensa e se expressa diferente, quebra-se o ciclo vicioso do maniqueísmo. É quando essa informação chega às comunidades, nas pessoas que não têm informação com opções. A camada mais humilde da sociedade, em especial, está assinando contratos sem saber o que assinou e acabam se comprometendo com um arsenal de instrumentos econômicos e jurídicos tornando-se escravos. Quando traduzimos essas informações e as colocamos à disposição da sociedade, passamos a inibir a ação de especuladores e oportunistas. A única forma de mudar esse modelo materialista e consumista em que vivemos, de combater essa autofagia financeira, é a informação disponibilizada democraticamente, de forma transparente e isenta, para que o cidadão possa decidir sobre seu destino.
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Entrevista concedida à Revista Universo Espírita, Edição 57
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