quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Economia sócio ambiental é tema de entrevista no Rondônia TV


Assista a entrevista AMYRA EL KHALILI:
Economia Socioambiental versus Economia Verde

Rondônia TV – Rede Globo Rondônia – Porto Velho-RO
Jornal Rondônia – 25/11/2013 às 12:00hs
Entrevistadora: Ana Lídia


Assista em:

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Amyra El Khalili: Roubo e extermínio étnico duplamente disfarçado


Amyra El Khalili: Roubo e extermínio étnico duplamente disfarçado
Amyra El Khalili é especialista em sustentabilidade e mercado financeiro e professora de engenharia financeira. A partir do seu conhecimento prático sobre o mercado de commodities e derivativos, professora Khalili vem analisando no seu artigo "Economia Verde: o subprime ambiental" os mecanismos financeiros propostos pela Economia Verde.
Palestra de professora Amyra El Khalili em vídeo
Assista em:

Amyra El Khalili  é especialista em sustentabilidade e mercado financeiro e professora de engenharia financeira. A partir do seu conhecimento prático sobre o mercado de commodities e derivativos, professora Khalili vem analisando, entre outros no seu artigo "Economia Verde: o subprime ambiental" os mecanismos financeiros propostos pela Economia Verde e apontando para os perigos das falsas soluções que vem sendo implementados por meio de projetos de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação - REDD e serviços ambientais.
A palestra foi realizada durante a  mesa redonda "Finaceirização da Natureza e espoliação nos Territórios Indígenas e Camponeses na Amazônia", organizada pelo Conselho Indigenista Misionário (CIMI) Federação do Povo Huni kui do Acre (FEPHAC), Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri (STTR- Xapuri), Conselho de Missão entre Índios (COMIN) e o Núcleo de Pesquisa Estado, Sociedade e Desenvolvimento na Amazônia Ocidental da Universidade Federal do Acre (NUPESDAO /UFAC), realizada na sexta-feira, dia 12 de abril 2013, as 19:00hs no Anfiteatro Garibaldi Brasil da UFAC - Universidade Federal do Acre. (1)
A professora Amyra El Khalili estará proferindo palestras, segunda-feira,  dia 25 de novembro 2013, na Fundação Universidade Federal de Rondônia - UNIR, no Auditório do NUCSA, Campus José Ribeiro Filho, às 19:00hs e no XII Seminário Internacional de Sustentabilidade, das 8h às 17h, no SENAC - Esplanada, Porto Velho - RO. Amyra será também homenageada com a categoria "Benefícios à Humanidade", entre outros,  no XII Prêmio Ecoturismo & Energias Renováveis. (3)
(1)   Um "Keffiyeh" para o líder indígena Ninawá Huni Kuin - http://port.pravda.ru/mundo/18-06-2013/34785-keffiyeh_indigena-0/
(2)   A captura corporativa da COP19 - http://port.pravda.ru/mundo/12-11-2013/35608-cop-0/
(3)   Prêmio Ecoturismo & Energias Renováveis 2013- http://port.pravda.ru/cplp/brasil/14-11-2013/35632-premio-0/
Fontes: Jornal Acrealerta e  Revista Ecoturismo

Prêmio Ecoturismo & Energias Renováveis 2013

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Prêmio Ecoturismo & Energias Renováveis 2013!
Em 22 anos de existência, o Grupo Ecoturismo teve decisivas participações em significativos movimentos ambientais nacionais e internacionais. O Prêmio Ecoturismo, em sua décima segunda edição, figura como um dos braços de atuação de nossa Entidade: reconhecer e premiar ações positivas em destaque em prol do desenvolvimento sustentável.
O Prêmio Ecoturismo & Energias Renováveis 2013 visa reconhecer iniciativas em destaque pelas contribuições ao trade de Ecoturismo e Energias Renováveis. As iniciativas devem promover com excelência suas ações com foco no desenvolvimento sustentável a curto e longo prazo.
O Grupo Ecoturismo  vai celebrar e conferir a entrega de láureas sustentáveis a quatro celebridades no próximo dia 25 de novembro de 2013, no Senac Esplanada, juntamente com o XII Seminário Internacional de Sustentabilidade.
O Prêmio Ecoturismo foi criado no ano de 2002  pelo Jornal Ecoturismo nos anos 80 na região amazônica brasileira.
Os contemplados com o Prêmio na edição 2013 ganharão um certificado e um troféu criado pelo renomado Escultor Osni Branco, de criação exclusiva para a premiação.
Em 2013 o XII Prêmio Ecoturismo & Energias Renováveis escolheu quatro importantes nomes para sociedade que refletem e levam o Brasil para o mundo com suas ações, seus trabalhos e conquistas alcançadas ao longo de suas vidas profissionais de sucesso e escolhas bem feitas e definidas. Figuras que mais do que prêmios merecem servir de exemplo e espelho para as futuras gerações.
Na categoria de " Inclusão Social"  o laureado é o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula Silva;   na categoria de "Sustentabilidade Cultural" o premiado é o cineasta pernambucano Kléber Mendonça Filho; na categoria "Benefícios à Humanidade" a premiada é a economista brasileira e palestina Amyra El Khalili que já recebera, há anos, a indicação ao "Mil Mulheres para o Nobel da PAZ", como uma das mulheres mais influentes e ações sustentáveis em prol das mulheres de todo o mundo; na categoria de "Indústria Automobilística Sustentável"  o  premiado é o guajaramirense rondoniano Carlos Goshn.

Sobre os premiados:

Amyra El Khalili - A economista e ambientalista não mede palavras para defender que ou economia e ambiente andam juntos ou ambos vão desaparecer. A economista, além, de ser uma das homenageadas será também uma das palestrantes centrais fazendo uma análise crítica sobre a chamada "economia verde" e descorrerá sobre a captura coorporativa da COP19.

Carlos Ghosn - Brasileiro nacionalizado francês nasceu em Guajará-Mirim, Rondônia, atual CEO dos grupos Renault e Nissan é considerado um dos 25 executivos mais influentes do mundo. O atual sonho de um dos CEOs mais poderosos do mundo é o carro elétrico ou veículo verde.

Luiz Inácio Lula da Silva - ex-presidente foi incluído na categoria de Homem do Ano da Inclusão Social, tendo em vista seu relevante papel social, em prol de milhões de brasileiros na inclusão social, com programas, que fazem l década, como Bolsa Família, ProUni, Mais Cisternas,Luiz para Todos, Minha Casa Minha Vida,  programas que cumprindo o triple botton da sustentabilidade, atendem com microcréditos (lado econômico), extinção de fome e miséria (lado social) e inclusão nas terras e agricultura familiar (ambiental)."

Kleber Mendonça Filho - É diretor, produtor, roteirista e crítico de cinema brasileiro, nascido em Recife - PE. Ganhou notoriedade após o seu premiado filme O Som ao Redor ter sido incluído na respeitada lista dos 10 melhores do ano do jornal The New York Times. Foi citado pelo jornal britânico Financial Times, em publicação de 2013, como um dos "25 brasileiros que merecem atenção de todo o mundo".

Fonte: Revista Ecoturismo
Telefone: (13) 3223-9650 / (13) 3012-0099
Isabel Tetéo

terça-feira, 29 de outubro de 2013

"É uma ofensa conceitual criar mercado que vende poluição"

Em 2009 Jornal Comércio do Jaú entrevistou Amyra El Khalili, filha de beduíno, 44 anos, autora de Commodities Ambientais em Missão de Paz. Quatro anos depois, está a ser confirmado tudo que ela disse. Reproduzimos a entrevista com a permissão da entrevistada.

AMYRA EL KHALILI proferirá palestra no dia 05/11/2013 (terça-feira) às 10:20hs  na Universidade Federal Fronteira Sul (UFFS), na cidade de Chapecó-SC com o tema "Commodities Ambientais: o que são?"

Por João Guilherme D´Arcadia
Da redação, 14/11/2009

Ou a humanidade desenvolve um novo processo econômico, baseado na consciência ambiental, ou entrará em colapso. Essa é a opinião da ambientalista e economista Amyra El Khalili, 44 anos, autora de Commodities Ambientais em Missão de Paz (disponível para download em http://amyra.lachatre.org.br). Seu objetivo é capacitar os pequenos produtores para que o solo e os recursos naturais não se esgotem. O esgotamento provocaria guerras, como ocorre no Oriente Médio.
Comércio - A senhora tem uma vasta experiência no mercado financeiro. Quando percebeu que era possível aliar essa experiência com as questões ambientais?

Comércio - A senhora tem uma vasta experiência no mercado financeiro. Quando percebeu que era possível aliar essa experiência com as questões ambientais?
Amyra El Khalili - Minha experiência no mercado financeiro é em commodities e derivativos. O bom operador de commodities tem de conhecer mudanças climáticas, questões energéticas e hídricas. Naturalmente tem de ser um grande ambientalista, é consequência. E eu sempre fui uma menina que gostava do mercado financeiro, o que não significa que eu seja neoliberal. Há uma grande confusão entre modelos econômicos e vocações. Nós vivemos em um modelo neoliberal imposto aos países subdesenvolvidos. 
Comércio - Se a relação entre mercado e meio ambiente é inescapável, as commodities ambientais seriam a única saída? Como elas funcionam?

Comércio - Se a relação entre mercado e meio ambiente é inescapável, as commodities ambientais seriam a única saída? Como elas funcionam?
Amyra - Justamente ao contrário das commodities tradicionais. As convencionais exigem grandes escalas de produção, cada vez mais tecnologia e menos mão-de-obra. Vou empregar um exemplo da região de Jaú, a cana-de-açúcar. Hoje há uma migração, o cortador está sendo substituído por maquinário. Essa pessoa precisa ser capacitada e retirada da condição sub-humana em que muitas vezes ela se encontra. Para se produzir a commodity que eu defendo é preciso inverter tudo. Se de um lado eu tenho mais escala de produção, do outro eu proponho pequena escala. Em vez da monocultura intensiva, vamos fazer diversificação produtiva. Se aqui é transgênico (convencional), nós vamos respeitar o ciclo da natureza (ambiental). Temos de nos preocupar com os recursos e também temos de saber como vamos dividir o dinheiro. É um modelo econômico. Atualmente o lucro está na mão de um grande produtor, de um Blairo Maggi (governador do Estado de Mato Grosso), agora nós vamos falar de lucro para os pequenos. 
Comércio 
- O estudo da senhora sobre commodities ambientais considera como inseri-las no mercado atual, que está aparentemente estabelecido?

Comércio - O estudo da senhora sobre commodities ambientais considera como inseri-las no mercado atual, que está aparentemente estabelecido?
Amyra - Nós precisamos trazer aquilo que está subavaliado para dentro do mercado formal. Não estamos inventando a roda. Precisamos organizar as associações no sentido de aliá-las à comunidade científica para orientar, capacitar e treinar essas pessoas. O que impede isso hoje é a carga tributária, a questão fiscal, a burocracia com que as instituições são estabelecidas... Esses produtos já estão lá, eles só não estão comoditizados*, padronizados, dentro do mercado formal. 
Comércio - E como isso se daria na prática? Como um pequeno produtor iria inserir sua produção na Bolsa de Valores?

Comércio - E como isso se daria na prática? Como um pequeno produtor iria inserir sua produção na Bolsa de Valores?
Amyra - O nome Bolsa se mantém, mas nós precisamos de uma rede de cooperação comunitária onde você encontra parceiros de vocação. Por exemplo, temos um árabe no Oriente Médio que tem um mel especial de pequenos apicultores. Eu, no Brasil, posso me juntar a ele, exportar o mel e fechar o preço dele lá fora. Não há necessidade de cotar isso em Bolsa. 
Comércio - Esses produtores teriam condições de competir com o maior exportador de mel do mundo, por exemplo?

Comércio - Esses produtores teriam condições de competir com o maior exportador de mel do mundo, por exemplo?
Amyra - Não teriam em função de escala de produção, mas quando nós falamos em commodities ambientaispensamos no contrário do modelo convencional. Ele não compete porque ele tem diferencial. O mel que o consumidor vai comprar é diferente porque é uma especiaria.
Comércio - Mas não ficaria muito caro para o consumidor, tendo em vista que é uma produção em pequena escala?

Comércio - Mas não ficaria muito caro para o consumidor, tendo em vista que é uma produção em pequena escala?
Amyra - Não necessariamente. Pode ser que eu consiga consorciar um contêiner exportando várias outras especiarias. Naquela mesma região que tem o mel pode ter a noz, o tempero, a banana. É só dividir tudo isso no mesmo contêiner. O que acontece com o preço da logística? Cai. 
Comércio - O que a senhora pensa sobre os créditos de carbono?

Comércio - O que a senhora pensa sobre os créditos de carbono?
Amyra - A intenção é boa, mas o modus operandi está errado. Nós precisamos eliminar, então, é uma ofensa conceitual criar um mercado que vende poluição. Se o aquecimento global é um problema gravíssimo para a espécie humana, não pode ser objeto de negociação financeira, é objeto de leis e regras. Vamos reduzir isso aí.Você não pode pegar o direito fundamental à vida e à saúde e rasgar para fazer instrumento flexível para reduzir o carbono. Se ele está matando, tem de eliminar o assassino. Você vai ficar dando habeas corpus toda hora para um criminoso? É como aqueles casos em que as empresas jogam produto químico nos rios e aí falam "vamos criar um instrumento flexível para a 'fabriquinha' parar de poluir. 'Tadinha', você só está matando 40 mil pessoas". 
Comércio - Como a senhora avalia a gestão do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc?

Comércio - Como a senhora avalia a gestão do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc?
Amyra - Eu não quero avaliar o Minc porque aí eu precisaria avaliar a Marina (Silva, ex-ministra do Meio Ambiente), o José Sarney (presidente do Senado) e todos os que fazem parte do processo. Eu não vou falar de ministro, vou falar de ministério. Eu o considero como um ente estranho porque ele tem de se meter em tudo e não tem poder de nada. E é difícil demais você ser ambientalista e gestor público. Alguém vai falar mais alto. 
Comércio - A região de Jaú é conhecida por "selva de cana", uma vez que 70% da nossa terra está ocupada por essa cultura. Corremos o risco de esgotamento dessa terra?

Comércio - A região de Jaú é conhecida por "selva de cana", uma vez que 70% da nossa terra está ocupada por essa cultura. Corremos o risco de esgotamento dessa terra?
Amyra - Claro. Quando você exporta cana, soja, milho, boi, você está exportando solo. Eu falo que a água está comoditizada. O que você tira do ambiente e manda para o processo produtivo vira commodity ( mercadoria padronizada). Nas regiões onde não há água, as pessoas têm de comprar a mercadoria pronta. O que eles estão comprando? Água. 
Comércio - Como se dá seu ativismo na questão israelo-palestina? Ele também tem fundamento ambiental?

Comércio - Como se dá seu ativismo na questão israelo-palestina? Ele também tem fundamento ambiental?
Amyra - Não tem como separar as coisas, quem me conhece sabe que eu sou de origem palestina e pacifista, mas eu sou ambientalista. Eu não acredito em um ambientalismo que não respeita o ser humano. Falar para mim que Israel é exemplo de agricultura sustentável no deserto, mas deixa a Palestina sem tomar água, para mim não é ambientalismo. O que eu faço é ter um diálogo com os setores, não faço nenhum confronto, mas Israel precisa reconhecer o direito dos palestinos de terem seu Estado. 
Comércio - Foi a partir dessa conduta que a senhora foi indicada para o Prêmio Mil Mulheres para o Nobel da Paz? O que significou?

Comércio - Foi a partir dessa conduta que a senhora foi indicada para o Prêmio Mil Mulheres para o Nobel da Paz? O que significou?
Amyra - Fui indicada por mais de 350 entidades e pacifistas israelo-palestinos. Não fui selecionada como uma das mil mulheres, mas fui indicada com muita legitimidade e eu tenho muito orgulho. Quando levo para as comunidades a ideia decommodities ambientais para criar um novo mercado financeiro, estou falando de amenizar os riscos que o atual sistema produz, como guerra por recursos naturais. A indicação que é o prêmio, porque ela é natural, espontânea. 
Telephones +7 (495) 287 41 69


Filha de beduíno, articula o entendimento entre árabes e judeus, motivo pelo qual foi indicada para compor o Prêmio Mil Mulheres para o Nobel da Paz. A ambientalista não mede palavras para defender que ou economia e ambiente andam juntos ou ambos vão desaparecer. Amyra ministrou palestra na Faculdade de Tecnologia (Fatec) de Jaú e concedeu a entrevista ao Comércio no dia 5 de novembro (2009).
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* Pós RIO+20 - Reflexões conceituais sobre a "comoditização" dos bens comuns


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quinta-feira, 25 de abril de 2013

Sem confundir trigo com joio

sobre a citação equivocada de Célia Maria Motta

 
Bens antes considerados completamente fora do mercado,
como a polinização, começam a ser mercadorizados
Por Arthur Soffiati

Pela primeira vez na sua história, a Terra vive uma crise socioambiental planetária produzida por uma única espécie agindo de forma coletiva. Esta espécie é o “Homo sapiens”, da qual fazem parte tanto os construtores dos sistemas capitalista e socialista, ambos responsáveis pela crise, quanto os verdadeiros críticos dela.

Acuado em poucos países, o socialismo já deu contribuição maior à crise socioambiental planetária da atualidade. Hoje, só a China, que ainda se proclama socialista, mas que desenvolveu uma economia de mercado profundamente agressiva ao ambiente, pode ser apontada como representante de uma experiência fracassada. No mais, o capitalismo, na sua versão neoliberal, se expandiu e criou um mundo globalizado, com seus lucros e crises.

A crise socioambiental planetária da atualidade tanto pode se constituir num fértil campo a críticos que buscam saídas honestas para os problemas sociais e ambientais quanto abre grandes oportunidades para ampliar os lucros e aprofundar mais ainda a crise. Os conceitos de “desenvolvimento sustentável” e de “economia verde” são enganosos, pois que usados para convencer os incautos de que os grandes grupos empresariais e os governos estão empenhados no combate à crise.

Estes conceitos procuram demonstrar que a transformação de todos os bens naturais em mercadoria será benéfica para todos. Bens antes considerados completamente fora do mercado, como o ar, a fotossíntese, a capacidade de troca catiônica, a polinização, enfim, os bens e serviços ambientais gratuitos, começam a ser mercadorizados para permitir o avanço do capitalismo e do lucro.

É preciso separar claramente o joio do trigo. Na pertinente análise feita por Célia Maria Motta no artigo “A atualização da crise neoliberal”(*), esta separação foi bem feita. No entanto, ao incluir a economista Amyra El Khalili no joio, Célia foi apressada. Primeiramente por se valer de apenas um título de Amyra, o que é insuficiente para considerá-la uma pensadora que ensina a se aproveitar da crise para ganhar dinheiro. Se outros trabalhos da economista fossem lidos, ficaria clara a posição dela em favor de soluções que superam o neoliberalismo em benefício honesto para o ambiente e os grupos humanos desfavorecidos.

Em segundo lugar, Célia dissociou o pensamento de Amyra da sua ação. A economista não se refugia nos fortins da academia como mera observadora do mundo. Bem ao contrário, ela está no mundo. Ela toma partido. Não é por falar em commodities que apressadamente se pode julgá-la como defensora do neoliberalismo. Quem acompanha a trajetória de Amyra, como é o meu caso, sabe que ela deixou uma carreira brilhante em bolsas de valores para, na sua vida monástica atual, posicionar-se ao lado das comunidades tradicionais, das comunidades quilombolas e das nações indígenas. Como ser humano, mulher e palestina, Amyra defende a causa dos pobres, das mulheres e das nacionalidades humilhadas, como é o caso da Palestina.

Para quem não tira os pés da academia, é fácil cometer injustiças. Como eu tenho um pé na academia e outro fora dela, sei bem como funciona a lógica acadêmica. Mas sei também como é difícil combater verdadeiramente a crise socioambiental da atualidade buscando um mundo melhor para a natureza e para a humanidade. Em sala de aula, Amyra nunca perde de vista a realidade externa. Fora dela, Amyra colhe subsídios e experiências para levar aos seus alunos.


(*) O artigo de Célia Maria Motta, “A atualização da crise neoliberal” pode ser acessado no site da PUC/SP em: http://www.pucsp.br/neils/downloads/1_celia.pdf


Arthur Soffiati é doutor em História Social com concentração em História Ambiental pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professor aposentado da Universidade Federal Fluminense, integra o Núcleo de Estudos Socioambientais da mesma universidade. Publicou dez livros, além de vários capítulos de livros, de artigos em revistas especializadas e de artigos jornalísticos semanais. Está lançando os livros MÍNIMA POÉTICA e as LAGOAS DO NORTE FLUMINENSE  e será lançada também uma edição comentada do ROTEIRO DOS SETE CAPITÃES, documento fundamental para a história colonial do norte do Estado do Rio de Janeiro.

Comentário de Arthur Soffiati:
Não entendo que a pesquisadora Célia Maria Motta seja intelectualmente desonesta. Apenas considero que ela acabou sendo vítima da academia. Lá dentro, não calibramos as palavras escritas tendo em vista a realidade exerna. Ao situar Amyra como neoliberal, ela se prendeu apenas à letra de um artigo e não procurou conhecer a trajetória da economista nem sua vida pública. Seus trabalhos, palestras, entrevistas e artigos estão ao alcance de todos. Sugiro ler o e-book commodities ambientais em missão de paz, por ela apresentado e de acesso gratuito (http://amyra.lachatre.org.br). Também tenho certeza de que Amyra aceita ministrar palestras para expor suas ideias.

Ao escrever o artigo abaixo, quis apenas fazer um reparo que me pareceu justo.

Arthur Soffiati